quarta-feira, 6 de julho de 2011

        Decidi começar uma espécie de diário. Não necessariamente fazendo um registro de minhas atividades diárias: apenas um lugar para despejar pensamentos, desejos, arrependimentos, devaneios. Quis voltar a escrever no papel por achar mais autêntico, artesanal - a gente se prende a praticidade do computador e esquece como é intenso despejar as palavras sobre o papel. Quero sentir meus dedos doendo de tanto escrever, quero formar (mais) calos nas mãos. Pode parecer bobagem, mas o computador torna o processo da escrita tão mais frio. O papel parece nos aproximar das sensações. Gosto de reparar em como a letra é tão impecavelmente desenhada no início, para mais tarde tornar-se uns rabiscos apressados e tortos - resultado não só da dor que começa a afligir os pulsos, mas também da necessidade cada vez mais urgente de desabafar.
       Sabe, escrever para mim é como estar em frente ao mar num dia frio. A água é gelada e hostil. Ficamos com medo de entrar nela e morrermos de frio, por isso insistimos em tocá-la com a pontinha do dedo do pé para testar a temperatura. Bobagem. Basta dar o primeiro mergulho fundo que o frio vai embora. Escrever é assim - uma tarefa que exige coragem, que nos faz de tremer de medo do frio, mas basta entrar de cabeça para sermos preenchidos pelo calor das lembranças e fantasias.